A PESO DE OURO
O procurador da República no Ceará, Alessander Sales,
encontrou uma forma inusitada de falar sobre a suspensão da distribuição da
revista ISTOÉ desta semana, após ordem emitida pela juíza Maria Marleide Maciel
Queiroz, da 3ª Vara de Família de Fortaleza, a pedido dos advogados do governador
do Ceará, Cid Gomes (PROS).
Em sua página no Facebook, Sales propôs um leilão de seu
exemplar do periódico, com lance inicial de dez mil reais, uma vez que se trata
de um “exemplar raro”.
“Como ela [ISTOÉ desta semana] está com circulação proibida
em todo o país, trata-se de exemplar raro, digno de colecionadores. É uma
edição histórica já que poucos conhecem seu conteúdo. O exemplar em questão é
de minha propriedade, pois sou assinante, como podem verificar na lateral
esquerda da página. Vou iniciar um leilão aqui no face[book]. Lance inicial R$
10.000,00”.
A revista ISTOÉ desta semana trouxe à tona outros nomes,
além dos já divulgados, citados pelo ex-diretor em delação à Polícia Federal.
Da lista, consta o nome do governador do Ceará, Cid Gomes, além do deputado
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e dos senadores Delcídio Amaral (PT-MS) e Francisco
Dornelles (PP-RJ).
Ainda na publicação, o procurador usou tom jocoso para
valorizar produto que “pretendia leiloar” e para criticar a decisão da Justiça
cearense de impedir a circulação da revista. “Infelizmente não posso divulgar
as matérias que compõem está edição, pois posso sofrer alguma sanção imposta
pelo Judiciário, mas posso dizer que vale a pena a aquisição”, escreveu.
A postagem de Alessander Sales rendeu diversos
compartilhamentos, curtidas e comentários na rede social, a maioria deles, de
reprovação à atitude de Cid Gomes e de concordância com o procurador. Um dos
comentários, no entanto, criticou a abordagem bem-humorada para se referir a um
assunto sério.
“Dr. Alexander muito me admira o senhor, a quem tenho o
maior respeito, fazendo piada de um assunto tão sério. O senhor, como muitos
outros, podem um dia serem vítimas dessa nossa imprensa caluniosa .
Independentemente da apuração da matéria, me admira a sua postura de oferecer a
leilão, uma revista, que POR DETERMINAÇÃO JUDICIAL foi proibida de ser
veiculada. Com todo respeito. Decepcionada”, escreveu uma seguidora no perfil
do procurador.
Em reposta, Sales afirmou que já havia sido vítima de
inverdades divulgadas na imprensa, mas que nunca lhe ocorreu “barrar a difusão
da informação, que é um direito fundamental da sociedade”.
Em outro momento, o procurador ponderou o direito que Cid
Gomes tinha de questionar a revista, uma vez que viu sua honra atingida, entretanto,
argumentou que a liberdade de imprensa deveria ser preservada.
“Eu acho que quem tem sua honra maculada tem direito a
reparação. O controle da imprensa é sempre posterior, nunca proibindo a
divulgação. Tratando-se de agente público, isso são ossos do ofício”, disse.
Nenhum comentário:
Postar um comentário